sexta-feira, 14 de março de 2014

Crimeia antes e hoje

A Guerra da Crimeia foi o único conflito sistêmico do século XIX. 


A Guerra da Crimeia foi um conflito que se desdobrou de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu de um lado a Rússia e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, França, Piemonte-Sardenha (na atual Itália) - formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Turco-Otomano (atual Turquia). Esta coligação foi formada com o objetivo de conter a expansão russa.


A guerra teve seu início com as incursões russas comandadas pelo czar Nicolau I nos principados otomanos da Moldávia e da Valáquia (hoje Romênia). A RÚSSIA QUERIA SAÍDA PARA O MAR QUENTE, ALÉM DE POSSUIR INTERESSE NOS PAN-ESLAVOS, QUE ERAM RUSSOS HABITANTES DA CRIMEIA. Os turcos abriram guerra à Rússia ( O IMPÉRIO TURCO-OTOMANO ERA GRANDE, MAS DECADENTE - O GRANDE ENFERMO ), que os derrotou facilmente em Sinope, Ucrânia. Temendo a expansão russa, a aliança foi formada. ( A FRANÇA TINHA INTERESSES NO NORTE DA ÁFRICA E A INGLATERRA TINHA MEDO DE A ALEMANHA GANHAR ESPAÇO, POIS SE A ALEMANHA ENTRASSE, ELA SE FORTALECERIA. SE A FRANÇA ENTRASSE NO CONFLITO, PROVAVELMENTE A PRÚSSIA IRIA INVADIR A FRANÇA, E GANHARIA. LEMBRANDO QUE A ALEMANHA TINHA O INTERESSE DE CONTROLAR ECONOMICAMENTE O IMPÉRIO TURCO-OTOMANO, MAS COMO A GRÃ-BRETANHA ENTROU NO CONFLITO, A ALEMANHA SE MANTEVE QUIETA, POIS SABIA QUE ONDE A GRÃ-BRETANHA ENTRAVA, ELA GANHAVA ). Em troca de apoio, os turcos consentiam a entrada de capital ocidental na região. Em setembro de 1854, os russos já haviam sido expulsos da região. No entanto, os ingleses acreditavam que a base naval russa em Sabastopol, na Crimeia, era uma ameaça futura. Para impedir novos conflitos, ingleses e franceses investiram contra a cidade, dominando-a em 1856.

A Italia não teve grande participação, mas entrou no conflito devido à política beligerante de Cavour, primeiro na Guerra da Crimeia, depois contra a Rússia. A Italia tentava se fortalecer, pois vinha sofrendo intervenções externas de França e Áustria, que vinham dificultando sua unificação. Dessa forma então, poderia ser uma chance de ganhar espaço entre as potências já existentes.

A guerra chegou ao fim com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos seus termos, o novo Czar, Alexandre II da Rússia, restituía o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para a Turquia e a Moldávia, abdicava a qualquer pretensão sobre os Bálcãs e ficava impedido de manter bases ou forças navais no mar Negro.


fonte: http://www.sohistoria.com.br/ef2/crimeia/

Anotações com letras maiúsculas são informações da aula de História dos Grandes Conflitos. Professora Mariana Kalil. DGEI. UFRJ. 2014.

Agora vamos lá. Vamos fazer um paralelo com a atualidade.


A população da Crimeia é composta de 57% russos e 27% ucranianos. Ainda existe uma minoria, os tártaros, são 12 % da população e constituem uma etnia muçulmana que é hostil à Rússia, logo, não deseja sua união com ela. Porém, a maioria russa levanta bandeiras russas nos protestos, buscando anexação ao país. 

Moradores da península desde o século 15, durante a Segunda Guerra Mundial colaboraram com os alemães e por isso foram deportados em massa por Stalin. Conseguiram retornar à sua terra ao final do conflito, mas tiveram de esperar por Gorbachev e a Perestroica para obter novamente o direito de votar e os demais direitos civis.
Hoje, junto à minoria ucraniana, apoiam o governo filo europeísta de Kiev, não têm a menor intenção de se tornarem russos e são abertamente hostis a Putin e à política de Moscou.
A Rússia está enviando soldados, além de já possuir 11 mil funcionários russos na base militar de Sebastopol, zona sul da Península da Crimeia. A Rússia também possui uma frota de 60 mil navios neste lugar pois lá é a saída que leva a Rússia ao Mediterrâneo. Lembra da Guerra da Crimeia, onde a Rússia queria uma saída para o mar Negro? A Inglaterra não ajudou a França somente por medo de a Alemanha ganhar poder, mas também, para não permitir que a Rússia, o grande urso, pudesse também enfrentar a baleia nos mares. a Rússia já era grande demais em terra, mas não podia brigar ao mesmo nível com a Inglaterra, rainha dos mares.
A perda de Sebastopol pela Rússia implicaria em enorme perda de poder e um raio considerável de sua armada de guerra.
Em 2010 o parlamento russo e o ucraniano ratificaram um acordo que estende até 2042 a permanência da frota russa em Sebastopol, em troca de um desconto de 30% no fornecimento de gás russo à cidade de Kiev.
"Anexada à força pela República Socialista Soviética da Ucrânia em 1954, durante o governo de Nikita Kruschev, a Crimeia proclamou sua própria independência em maio de 1992, dois anos e meio após a queda do Bloco Soviético.
O governo autônomo decidiu, no entanto, permanecer coligado à Ucrânia, porém com o status de República Autônoma, com um governo e parlamento próprios, com sede na cidade de Simferopol.
A 27 de fevereiro último, no bojo dos eventos que na Ucrânia levaram à destituição do Presidente Vicktor Yanukovich, um grupo de homens armados tomou posse do Parlamento em Simferopol e substituiu o governo legalmente eleito por um outro guiado por Sergiy Aksyonov, um político filorusso. Este novo governo e as forças que o sustentam são contrários à política europeísta dos revolucionários ucranianos.
Nos últimos dias, o Parlamento de Simferopol, sob a pressão do povo nas ruas, foi obrigado e instituir um referendum para o próximo dia 16 de março a respeito da extensão da autonomia da Crimeia. A população da península será chamada a votar a respeito da separação da Ucrânia e a adesão a uma política filo Rússia."
Agora, veja a situação que poucos sabem:
"Gazprom é a maior empresa russa no setor extrativo, especializada em gás natural e petróleo. As nações que dependem da Gazprom para o seu abastecimento energético são muitas. Entre elas a Bósnia-Erzegovina, Estônia, Letônia, Lituânia, Macedônia, Eslováquia, Bulgária, Hungria, República Checa e Ucrânia. Muitos países ocidentais, entre eles a Áustria, Alemanha, França e Itália confiaram à gigante russa boa parte do seu fornecimento de gás. 
Com a recente queda do presidente ucraniano filo russo Viktor Yanukovic e a subida ao poder do governo de união nacional, a Gazprom  informou que a Ucrânia tem uma dívida atrasada com a empresa de cerca 1,50 bilhão de dólares.
Se a conta não for saldada o mais rapidamente possível, Gazprom será obrigada a cortar pela metade o fornecimento de gás ao país e aumentar as tarifas.
A situação é muito delicada, pois os principais gasodutos da Gazprom atravessam o território da Ucrânia. Eles transportam o combustível das jazidas siberianas para toda a Europa. Se esses gasodutos fossem bloqueados – e a Gazprom poderia fazê-lo, já que dispõe de gasodutos alternativos que não passam pelo território ucraniano – o país seria obrigado a declarar default no giro de poucos dias. As tarifas pagas pela Gazprom ao governo de Kiev constituem, com efeito, a principal fonte de entrada de divisas para o país."
No último dia 8 o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse em telefonema ao chanceler russo, Sergei Lavrov, que qualquer passo da Rússia para anexar a região ucraniana da Crimeia fecharia as portas para a diplomacia.
Veja bem... EUA gostam de promover a paz, são os pivores da ONU, que ficou em substituição a Liga das Nações, organização criada para promover a paz e evitar novas guerras e tal... EUA querem manter a paz sem observar o interesse da maioria da população, mais de 50%, que é russa e quer se anexar à Rússia? Não seria melhor ao invés de avisar que vai fechar as portas da diplomacia, buscar uma diplomacia?
Isso claro, gerou uma resposta de Putin, presidente russo, que disse ser fiel aos interesses na região. 
Algo nos remetendo à antiga rivalidade de 25 anos atrás?
Há poucos dias, o novo premiê da Crimeia, Sergiy Aksyonov, pediu ajuda a Moscou, que foi aceita em poucas horas, porém, a Ucrânia não reconhece esta autoridade e ameaça irromper todas as relações com Moscou. Ucrânia pede intervenção dos EUA, UE e OTAN.


"Até hoje, os países da União Europeia se limitaram a condenar a ocupação russa da Crimeia e a jogar as cartas da diplomacia, mas nada disso parece dar os frutos esperados. Putin foi bem claro ao dizer diretamente a Obama que a Rússia “fará de tudo para proteger seus próprios interesses”. Ao mesmo tempo, o governante russo solicitou aos militares de Sebastopol e de Simferopol, concentrados no interior das casernas, que entreguem as armas e se rendam ao exército russo."
Quais seriam as consequências?
"Ainda é difícil prever o que acontecerá nos próximos dias. A anexação da Crimeia pela Rússia conduzirá certamente a condenações e sanções por parte da comunidade internacional, que afetarão a já combalida economia russa. Esse gesto poderia, além disso, apressar a adesão da Geórgia à OTAN, tornando dessa forma ainda mais precária a segurança russa ao longo das suas fronteiras.

Os analistas são unânimes ao firmar que a minoria tártara não se submeterá facilmente a um eventual governo russo da península, lançando assim as bases para um novo conflito étnico que apresentaria inquietantes semelhanças com a guerra na Chechênia."
fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/132969/Crimeia-%C3%89-alarme-mundial-Pen%C3%ADnsula-%C3%A9-piv%C3%B4-de-perigosa-crise-internacional.htm

Veja o mapa para entender melhor:

Russos se manifestando na Crimeia



Minoria se manifestando contra Putin, comparando-o a Hitler


Base russa em Sebastopol



Minoria muçulmana tártara









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